quinta-feira, 26 de março de 2009

Sobre religião e outras coisas mais.*

*Esse texto foi escrito ainda durante o curso de história da UNIRIO. Não fiz modificações nenhuma, são apenas palavras de um jovem universotário à época.
Nesse momento escrevo para dividir com os muitos leitores do jornal de historia da UNIRIO minha angustia no que cerne à necessidade do povo brasileiro em se apegar a uma religião, geralmente a que mais oferecer vagas no paraíso. Esta idéia passou pela mina cabeça após uma conversa com minha mãe que disse: “você tem que ter uma religião, algo para seguir e se orientar”. Após isso fiquei pensando e me perguntei se isso me tornaria melhor ou pior que outras pessoas, acredito que não. Se formos pensar bem somos um tanto quanto vitimas de preconceitos desde o vestibular quando sentamos com os nossos pais e falamos que queremos fazer historia, a primeira frase deles normalmente são: mas você so pode estar brincando comigo!? Ou então outra frase: você vai ser PROFESSOR? Depois de uma reação dessas vem a chacotas das avós e das tias e das tias-avós que começam a falar “ele vai ser professor, coitado” isso logicamente acompanhado de uma olhar que você não sabe se é de pena ou de desdém. Para mim, é o olhar da ignorância. Continuando as chacotas, tem sempre aquela tia que fala da filha dela que faz direito, mesmo sendo naquelas universidades que tem nome de bairro ou que nem sabem escrever universidade corretamente. Como se apenas uma faculdade de advocacia fosse lhe garantir um futuro lindo e brilhante. Após passar por todo esse constrangimento vêm os olhares dos vizinhos, esses são os piores, parece que você acabou de contrair o ebola e está em estado terminal. Depois de tudo isso e da maratona do vestibular e você consegue passar para uma universidade federal ( mesmo que pouca gente saiba que ela É federal) vem outra tia e diz que passar para historia é fácil e realmente o é naquelas universidades que tem vestibular toda semana. Voltando ao aspecto da religião você se torna um herege ou um homem do eixo do mal( e pensar que um historiador quem criou esta alcunha) ou até mesmo um subversivo se você fizer historia, ou ciências sociais ou filosofia, sociologia, e ainda mais não seguir nehuma religião. Por mais que isto pareça bobo (não uso esta palavra desde o CA) basta olharmos de uma forma mais geral para vermos que é ponta do iceberg, no brasil mais de 50 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza e aqueles que tentam fazer alguma coisa dentro de suas possibilidades não são os mais valorizados. O médico valorizado socialmente é aquele que cuida de resfriados e calos em um consultório na zona sul, enquanto aquele médico que atua em hospitais públicos sem o mínimo de condições para um bom atendimento leva a culpa pelas filas ou por uma greve reivindicando melhorias para eles e, conseqüentemente, para a população. Mesmo os professores só são bem vistos quando estão dando aulas em universidades, que parece ser um prêmio para os coitadinhos que escolheram uma profissão como esta.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Vidas (re)partidas

Olho a parede. Uma foto desbotada chama a atenção. Não me lembro dela. Há duas pessoas (crianças) comigo. A imagem que reflete dos rostos destas crianças é aquilo que deveria emergir de todas: felicidade. A mais pura e simples felicidade infantil. Sou de longe o maior dos três, entretanto, hoje sei que não era o mais velho. Sei que era uma praia, hoje sei que se tratava de Rio das Ostras. Sabia que eram crianças, hoje sei quem são. Três crianças, cujas vidas em comum foram partidas, não por conta delas, mas sim pelo frágil elo que as ligava. Um elo personificado em uma pessoa. Será que essa pessoa pensou nisso quando, voluntariamente ou não decidiu se afastar daqueles que seres indefesos? Será que essa pessoa pensou que poderia interromper para sempre os laços que começavam a se estreitar entre aqueles pequenos seres? Não, provavelmente ela não pensou em nada disso. E, assim como o tempo - que busca incessantemente lembrar-mos que somos perecíveis e apenas “pálidos pontos azuis” no universo – continuou sua marcha edógena e egoísta de vida. E os laços entre as crianças foram se afrouxando, sem que qualquer uma delas percebesse isso. Não era culpa delas, de modo algum. Mais de quinze anos depois a foto passa a fazer sentido. Os laços começaram a ser apertados. O problema é que o que era para ser um processo natural,fortalecido durante a infância e adolescência agora tem de ser construído por adultos. Processo difícil, visto que com adultos tudo é mais complicado, as relações com outros adultos então, nem se fala. Agora é que vem a parte complicada, como reconstruir uma relação que não terminou de ser construída, que só temos o esboço, o arcabouço. Só o tempo dirá. Os primeiros passos foram dados há dois anos atrás, o problema é que aprender a andar depois de uma certa idade é mais complicado. As vidas retratadas naquela foto, foram quase partidas, para sempre, a hora agora é de reparti-las.