quarta-feira, 25 de março de 2009
Vidas (re)partidas
Olho a parede. Uma foto desbotada chama a atenção. Não me lembro dela. Há duas pessoas (crianças) comigo. A imagem que reflete dos rostos destas crianças é aquilo que deveria emergir de todas: felicidade. A mais pura e simples felicidade infantil. Sou de longe o maior dos três, entretanto, hoje sei que não era o mais velho. Sei que era uma praia, hoje sei que se tratava de Rio das Ostras. Sabia que eram crianças, hoje sei quem são. Três crianças, cujas vidas em comum foram partidas, não por conta delas, mas sim pelo frágil elo que as ligava. Um elo personificado em uma pessoa. Será que essa pessoa pensou nisso quando, voluntariamente ou não decidiu se afastar daqueles que seres indefesos? Será que essa pessoa pensou que poderia interromper para sempre os laços que começavam a se estreitar entre aqueles pequenos seres? Não, provavelmente ela não pensou em nada disso. E, assim como o tempo - que busca incessantemente lembrar-mos que somos perecíveis e apenas “pálidos pontos azuis” no universo – continuou sua marcha edógena e egoísta de vida. E os laços entre as crianças foram se afrouxando, sem que qualquer uma delas percebesse isso. Não era culpa delas, de modo algum. Mais de quinze anos depois a foto passa a fazer sentido. Os laços começaram a ser apertados. O problema é que o que era para ser um processo natural,fortalecido durante a infância e adolescência agora tem de ser construído por adultos. Processo difícil, visto que com adultos tudo é mais complicado, as relações com outros adultos então, nem se fala. Agora é que vem a parte complicada, como reconstruir uma relação que não terminou de ser construída, que só temos o esboço, o arcabouço. Só o tempo dirá. Os primeiros passos foram dados há dois anos atrás, o problema é que aprender a andar depois de uma certa idade é mais complicado. As vidas retratadas naquela foto, foram quase partidas, para sempre, a hora agora é de reparti-las.
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de verdade, estou sem palavras.
ResponderExcluirtalvez, este, que era pra ser um simples comentário possa parecer um grande desabafo pessoal, o que não se cabe fazer aqui, porém será inevitável.
sei perfeitamente do que se trata o post, rs. entretando, o mínimo que posso fazer é concordar plenamente e pedir perdão (dramático não? rs), pela minha ausência, seja ela por culpa de terceiros ou por pura influência do comportamente de um ser que já se encontra quase na idade adulta (se já não estou, rs). porém, quero que saiba, que idependente de laços sanguíneos ou pelo fato de nos conhecermos pouco, eu tenho uma admiração imensa por você. Você, meu irmão mais velho que me foi ausente durante muito tempo, porém que sempre me serviu de apoio psicológico, mesmo a distância, afinal, o que eu passava talvez você passasse de forma igual ou pior e assim juntava forças pra entender as coisas. a infelicidade de um dia não nos termos servido de amparo um para outro hoje podemos converter em alegrias, graças a trama que o destino nos preparou, numa época de coincidências históricas/profissional.
enfim, pra não me estender muito fica aqui minha gratidão pelo destino e por você, que tem se dedicado ao máximo pra religar o que um dia foi separado.
desculpe pelo péssimo texto, mas pro sentimento verdadeiro as palavras não bastam.
te amo meu irmão e obrigado! =)
Pena que eu não estava na foto, mas isso não significa que eu não te amo,talvez seja ate dificil de dizer! quero rever você,venha me visitar, beijos
ResponderExcluirFernanda
A amizade de vcs pode ser construída no momento do reencontro.Às vezes, o conhecimento antecipado não é sinal que tudo seria "maravilhosamente maravilhoso" se acontecesse desde o início. Foi preciso passar esse tempo todo pra agora vcs darem o valor real de um conhecimento. Talvez,na época,poderia ser diferente do que vc imagina e vcs não teriam esse sentimento que têm hoje.Olhe sempre pelo lado positivo e não chore pelo que não aconteceu. Sempre dá tempo de recuperar o que foi perdido, vcs são jovens, maduros e vão saber como fazer isso. O que aconteceu, já passou. O importante é o que vcs são agora. Bjs, mamãe
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