Vale(u) a pena?

Meus inúmeros leitores.
Passei o dia de hoje em frente ao computador tentando adiantar o material para minha qualificação, e, vou ser sincero, não estou mais com o mínimo de vontade de continuar minha sina nesta noite. Entretanto, após este desabafo no blog, acredito que terei um pouco mais de fôlego. Passo o dia pensando em como estruturar a dissertação, qual ponto seria mais interessante arbodar, o que deixarei de fora, várias e várias questões que fazem meu coração bater mais rápido cada vez que penso a respeito. Sou nervoso, quem me conhece sabe. Fico preocupado, e isso não é nada bom. Queria ser como meu amigo João nessas horas, competente, mas totalmente "desestressado". Mas o que mais me atormenta é o seguinte: vale a pena? Vale a pena fazer mestrado? E o doutorado? Some o tempo destes com os 4 anos da graduação e teremos 10 anos de estudos superiores em um país que não consegue tratar da educação básica. Seremos doutores sem o reconhecimento que merecemos. Sem o salário que merecemos. E sem o emprego que merecemos.
Pensemos o quão elitista é o mestrado em História. Aulas a tarde, bolsas apenas para os privilegiados inúmeros gastos com livros, xerox e lanches. Somente têm acesso aqueles que de alguma forma possuem algum tipo de paitrocínio, ou aqueles que abominam a vida social e se matam de trabalhar e estudar. Mestrado não é igual a faculdade. O ritmo é outro, as cobranças também. A desigualdade é absurda para quem tem e quem não tem bolsa. POsso falar pois estive nos dois lados da moeda. Passei os primeiros 7 meses do mestrado sem bolsa, e posso afirmar que não foram dos mais agradáveis. Se não fosse o apoio de minha mãe e de minhas tias não teria coseguido. Foram meses de incerteza, questionamentos. Quando recebi a bolsa, as coisas melhoraram, mas demorou a cair a ficha de que as responsabilidades seriam outras, que não haveria como estender o prazo, trancar, deixar de assistir à algumas disciplinas. A pressão é grande. E tem gente que ainda esnoba, dizendo que o cara que tem mestrado e doutorado nunca fez nada na vida, nunca trabalhou. Isso sim é um absurdo. Eu não descanso. Se estou agora, escrevendo em meu computador, meus exemplares do Flavio Josefo, Marc Bloch, Ed. Said não me deixam esquecer que tenho coisas para fazer. É diferente de um emprego onde você tem que cumprir aquelas horas e depois vai para casa esquecer do dia. No meu quarto o tempo parece ser diferente. enquanto navego na web mais lembro do que tenho para fazer, dos prazos e, contraditoriamente, quanto mais escrevo e leio, mais rápido o tempo passa, mais calmo eu fico, menos tenso. Ou seja, no MEU QUARTO quanto mais trabalho mais calmo fico. Foi assim hoje, passei o dia em frente ao PC, além disso fiz algumas coisas que posso enumerar aqui: almocei, fui ao banheiro algumas vezes, tomei banho e comi uma pizza. Fora isso só estudei, quase não vi minha namorada, já escutei quase todas as músicas do Pc (sim, eu estudo com a música tocando). Só. Amanhã tem mais dessa linda rotina e a pergunta que fica é: vale a pena? Preciso de 10 anos de estudos superiores para ganhar menos que um juiz que estudou cinco anos "apenas"? Preciso de 10 anos para me considerarem um Professor de verdade, e não um professorzinho (infelizmente o professorado do Brasil não é reconhecido)? Será que vale a pena deixar de sair, ir à festas e churrascos se divertir.
Sei que um dia isso vai ter valido, mas, infelizmente hoje não consigo enxergar isso.